terça-feira, 21 de janeiro de 2014

O Phitness da Phi.

Um dia eu fui uma criança alta e magra.

Ao contrário daquilo que o meu 1,58m actualmente indica, sempre fui uma criança alta para a idade. Com dez anos media mais doze centímetros do que a maior parte dos meus colegas de turma, o que me fazia parecer mãe de todos eles, uma espécie de reencarnação da Branca de Neve e os 19 anões. Desenvolvi tão rapidamente que a situação levou o meu pediatra a dizer que, mantendo-se o meu crescimento àquele ritmo, eu viria a medir no mínimo 1,75m. A não ser que aos 24 anos ainda seja possível dar o salto, tenho que me conformar com o erro de previsão do Dr. Jácome e aceitar que ter meio metro terá as suas vantagens. 

Foi também aos dez anos que me apareceu a menstruação. A adolescência, essa terrível inimiga de todos nós, resolveu então que não só não era suficiente eu não crescer mais, como também lhe pareceu justo que as minhas hormonas desreguladas me provocassem um aumento exponencial de peso. Passei então de ser trinca-espinhas para ser obesa, num curto espaço de meses.

Os loucos anos jovens.

A partir de então foi praticamente impossível estabilizar o meu peso. Dos 10 aos 22 anos passei por inúmeras fases de oscilação, onde o emagrecimento fugaz de dois ou três quilos era seguido de um período onde a minha alimentação era tão má que recuperava o dobro do peso antes perdido. Sem nunca ter noção do quanto estava a maltratar a minha saúde e o meu corpo, permitia-me comer todo o tipo de porcarias. O facto de o meu avô ser empresário no ramo da restauração e ter três restaurantes de fast food e comida italiana pouco ajudavam a que encontrasse foco: aquela era a alimentação que me parecia natural, e não fazia a menor ideia de que existiam outras opções. 

A primeira grande mudança.

Passei naturalmente a adolescência insatisfeita com o meu corpo, com vergonha de usar bikini, sentindo-me feia e inferior com relação às minhas amigas magras. Nunca tendo sido muito pesada - com 1,58m, o máximo que pesei foram 65kg -, acumulei ao longo dessa fase grandes níveis de gordura corporal, tinha muita barriga e imensa flacidez. Um dia, então, decidi que isso iria mudar, mas a informação que tinha e o apoio que a minha família me deu foram reduzidos em iguais proporções. Escolhi a via fácil, a do sofrimento: passar fome. É verdade que emagreci, perdi bastantes quilos durante esse Verão, mas os números na balança baixavam e o meu sentimento em relação a mim mantinha-se igualmente negativo. Obviamente não estava a fornecer ao corpo os nutrientes necessários para que ele se sentisse satisfeito. Perdi muito peito, perdi largura, perdi barriga, mas fiquei mais flácida do que nunca, porque esse emagrecimento não foi acompanhado de actividade física regular e de uma alimentação equilibrada.

A vida em Madrid.

Em Outubro desse ano (2011) a minha vida mudou. Dei por mim sozinha em Madrid, sem os meus pais, e pela primeira vez com total liberdade para ser eu própria a gerir a minha alimentação. Não a aproveitei da melhor forma: nos primeiros tempos, não sabendo ainda cozinhar, desenrrasquei-me muito  à base de de enlatados e comida congelada. A fruta e os legumes raramente entravam no cardápio, não tinha qualquer noção da diferença entre carbohidratos simples e complexos e alimentava-me, como qualquer digno estudante de intercâmbio, muito, mas mesmo muito mal. Resultado: os 50kg com que viajei para Madrid já eram 58kg quando voltei da capital espanhola, mais insatisfeita do que nunca com o meu corpo. 

A mudança definitiva. 

Esse regresso a Portugal foi muito complicado a todos os níveis, principalmente psicológico: depois de um ano a viver sozinha, separar-me da minha independência e dos meus amigos foi extremamente complicado. Mais ainda porque a acompanhar essa situação me vi no desemprego e sem quaisquer perspectivas positivas para o futuro. Foi então que decidi que era a altura de eu tratar de mim e de aproveitar o meu tempo livre de forma produtiva. Inscrevi-me no ginásio e dediquei longos períodos à pesquisa sobre os melhores treinos e a melhor alimentação possível. Fugi do óbvio, dos lugares comuns, do senso que todos achamos ter sobre dietas e formas fáceis de perder peso. Percebi que para emagracer e emagrecer bem, precisava de comer, de comer bem mais do que aquilo que comia. Precisei de enfrentar demasiados medos. Sofri muito, gastei muitas lágrimas. Com um percentual de gordura por volta dos 32%, a minha condição física era deplorável, tinha tonturas, ficava mal-disposta, corria um minuto e estava capaz de cair para o lado. 

Nesta fase, percebi que lutava sozinha, mas não contra ninguém senão eu própria. Aqui, entrou a motivação, o querer, a força que eu não sabia que tinha. Insisti, todos os dias. Chorei, todos os dias. Com o tempo, correr um minuto já me parecia mais suportável e, dois meses depois, completava 7km em 47 minutos na Mini Maratona de Lisboa. Mesmo nessa fase cometi muitos erros, quer a nível de treino quer a nível alimentar. Foi, ainda é, um processo de tentativa e erro. Trata-se de descobrir o que é que funciona melhor para o nosso corpo, perceber que cada um de nós tem o seu tempo, que os resultados não aparecem da noite para o dia. Trata-se também de perceber que precisamos de definir objectivos, que correr 30 minutos todos os dias pode não ser o indicado para a nossa situação. 

No entanto, passado um ano, posso dizer que consegui. Não alcancei ainda os meus objectivos finais, mas vou no caminho certo: tenho agora 19% de gordura corporal (e apenas uma diferença de 3kg na balança, o que me fez perceber que o peso realmente não importa nada) e uma satisfação pessoal incomparável ao olhar-me no espelho. A minha pele, as minhas unhas e o meu cabelo também agradecem, mais saudáveis e bonitos do que nunca. 

O blog.

Este blog surge exactamente um ano depois do início da minha jornada pelo mundo do fitness. Serve para me continuar a motivar, mas também como resposta aos inúmeros pedidos de ajuda que fui recebendo ao longo do processo. Aqui quero postar a minha evolução, mas também dicas, baseadas naquilo que tentei, experimentei e conheci ao longo deste processo. Não sendo nutricionista nem personal trainer, nada daquilo que aqui partilharei terá, pelo menos numa fase inicial, cunho científico. São apenas as minhas visões, reflexos da minha experiência pessoal.

Divirtam-se, inspirem-se, sejam saudáveis e amem-se. Qualquer dúvida que tenham, estou aqui para ajudar. 

12 comentários:

  1. Finalmente o blog fitness!
    Eu já ando na blogoesfera ligth há um tempinh, de forma anónima, vá.
    Às vezes ajuda, outras nem tanto.
    Mas agora já podemos caminhar mais um caminho juntas! eheh

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  2. Adorei ler este post! Tens aqui uma, já fiel, seguidora!!! Força com o blog :D :D

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    1. Muito obrigada! :D A recepção não podia ter sido melhor e estou muito entusiasmada. :*

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  3. Já me inspirou. Wow, espero conseguir também. You go girl! Beijinhos

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    1. O segredo é pensar "VOU conseguir"! :D Muito obrigada pela motivação e pela divulgação, sem ti este projecto dificilmente sairia da gaveta. Beijo. :*

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  4. Phi andas sempre a surpreender me. Parabéns, quero seguir este blog para me saudades Tb a emagrecer . O que é "whey"?? Bj boa sorte ninib

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    1. Querida Nini, obrigada pelas tuas palavras! A "Whey" é um tipo de proteína, extraída do soro do leite, e que pode ser tomada como um suplemento após o treino. É basicamente uma ajuda para o ganho de massa muscular. Beijinho!

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  5. Olá! Gostei muito e espero por mais posts!

    Só uma pergunta ,que truques começaste a usar para correr? eu digo porque eu tento correr mas fico facilmente sem ar. Também passaste por isso?

    Beijos

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    1. Olá, Fiona, obrigada pelas tuas palavras! :)

      De facto ao início foi muito difícil ganhar resistência física; como disse no post, correr a 7km/h durante um minuto não só me deixava com falta de ar como a famosa "dor de burro" era insuportável. O segredo, apesar de parecer cliché, é insistir, continuar a correr. Hoje só aguentas um minuto? Ok, não faz mal, corres um minuto. Não se pode é desistir, tem que haver consistência no treino e na actividade física ou os resultados (quer na perda de peso/gordura quer no ganho de resistência/músculo) nunca aparecerão. Tenta aliar a corrida com a caminhada a passo mais ou menos rápido. Aos poucos, o difícil torna-se fácil!

      Beijinho. :*

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  6. Este blog é uma inspiração.....
    Vou ser uma seguidora assídua....
    beijinho

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